Capitã Marvel | Ela não é tudo isso ou nós que não somos preparados para tudo isso?

Capitã Marvel | Ela não é tudo isso ou nós que não somos preparados para tudo isso?

20 Fevereiro, 2019 0 Por Talita Lopes

O ano é 2019  ainda precisamos ficar repetindo pautas que nos dão a entender ter regredido pelo menos 200 anos na história mundial. No mundo geek isso não poderia ser diferente. Com a ascensão de personagens femininas, estamos a pouco menos de 14 dias para a estreia de Capitã Marvel nos cinemas, o primeiro filme de protagonista feminina da Marvel Studios.

Ao redor de sua apresentação até o presente momento, presenciamos diversas críticas que de modo algum são construtivas e sim, machismo e misoginia  propagadas através de piadas e comentários, camufladas do famoso card “esta é a minha opinião, aceite’’. Não foi diferente com Guerra nas Estrelas, Mulher Maravilha, Fênix Negra, a divulgação do filme da Viúva Negra e agora com a Capitã Marvel. Todos esses filmes e produções sofrem constante retaliações do público e o famoso “não vai dar certo”. E por que não vai?

Qual o problema de apresentar uma personagem feminina forte e que tem poderes extraordinário? Nenhum. Qual o problema de discordar da ascensão dessa personagem? Todos. Hollywood vem passando por mudanças sociais, onde as mulheres estão buscando mais espaço e que passem de mera objetificação nos filmes, meros pares românticos de seus personagens protagonistas e roubem total cena e tenham suas próprias produções. De fato, o mundo não está preparado para receber mudanças. Passar por mudanças pode parecer um fardo quando não estamos dispostos a desconstruir nosso pensamento.

Desde pequenos somos ensinados sobre como o modelo de perfeição está representado na anatomia masculina, distinguindo perfeitamente o domínio de superioridade e inferioridade masculina e feminina respectivamente. Mulheres como um sujeito menos desenvolvido na escala da perfeição metafísica. Não entrando no âmbito da História, ja tivemos momentos em que o medo masculino com o decorrer crescimento e ameaça de uma feminilidade, homens tiveram que cultivar mais do que nunca a sua masculinidade e a sua virilidade. Desse modo, pensamentos como esse se propagam a um ponto, que ainda sofremos para reverter seus problemas. Quando vamos para os quadrinhos, as coisas não ficam diferente.   

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Reprodução @marvel comics

Em 2012, produzido pela Marvel Comics, Capitã Marvel recebe como título –  A Heroína mais poderosa da terra. Marcando assim a transição do nome da personagem de Miss Marvel para Capitã Marvel. Fazendo deste um dos quadrinhos de maiores importância tanto para a personagem, tanto quanto para os leitores. Vale lembrar que personagem, Carol Danvers, sofreu diversos atentados e abusos e era altamente sexualizada em seu uniforme. E qual personagem não foi?  De certa forma, as editoras vêm correndo contra o tempo, para que esse padrão comercial mude. Uma vitória que é contestada a todo momento pela dificuldade do público masculino em aceitar essas diferenças. Aconteceu quando foi apresentada a Gal Gadot para Mulher Maravilha. Reclamando como se ela não tivesse porte físico para representar. Há quem consiga gostar do primeiro uniforme da Miss Marvel e odiar que ela se vista com uma militar. Mas afinal de contas, não existe nenhum embasamento qual afirme que ela fique mais forte usando um colant ou precise ter peitos enormes, se não apenas para agradar uma figura na qual não está se importando com a história e sim com sua satisfação estética.

Como se não fosse suficiente, temos que aturar mais comentários como: Ela não é tão linda assim! – Ela não é tão forte assim! Ela não é tão conhecida assim! Ela não é importante assim! Tem personagens melhores! Sinto muito, mas esse tipo de ideia inserido em opiniões não merecem respeito, não merecem veneração. Existe em muitos casos a possibilidade de estar sendo um idiota apenas por querer ir na direção contrária e se destacar por supostamente ter gosto melhores. A Marvel sofre com diversos problemas em seus personagens, alguns ganhando mais vantagens ate os outros. Thor, Viúva, Feiticeira Escarlate são exemplos de personagens nerfados ao longo de suas adaptações na televisão. Mas pela primeira vez, eles estão construindo uma história de origem e apresentando uma heroína, de acordo com toda sua originalidade ao longo dos quadrinhos. Promover boicote a Capitã Marvel, não fará nenhuma diferença quanto ao seus personagens favoritos terem mais poder ou não. Usar como argumento que ela não é mais poderosa, é o suficiente para que não exista um debate e você no máximo, estará ganhando muita confusão.

Capitã Marvel tem estreia mundial prevista para o dia 8 de março, dia internacional das mulheres. E 7 a estréia no Brasil.