Análise | Y: O Último Homem e porque precisamos de mais mulheres!
30 Janeiro, 2019Instantaneamente todo ser com o cromossomo y foi morto, ou seja, todos os machos, todos os homens. Essa distopia, ou utopia, é ambientada no ano de 2002 e conta a história de Yorick e seu macaco, Ampersand , os únicos sobreviventes da praga que varreu o cromossomo y do globo terrestre, e bem, Yorick não está muito preocupado com o fato de ser o único homem da Terra, ele está preocupado em achar sua namorada, quase noiva, que está do outro lado do mundo. Essa é a sinapse da história, intrigante, não?
Em instantes todo ser que possuía o cromossomo y pereceu, aviões caíram, líderes mundiais morreram, presidentes, governantes, ídolos e cantores pops, todos. Todos. Todos os homens morreram. Pais, irmãos, filhos e também estupradores, assassinos, ditadores, todos. Imagine um cenário quase pós apocalíptico, onde governos caíram e grandes nações agora passam fome a medida que o tempo passa. Restou agora um mundo inteiro só para mulheres, ou quase, se não fosse Yorick e Ampersand, os únicos machos do globo. Ao mesmo tempo que Yorick só quer encontrar sua namorada, Beth, todo mundo só quer encontrar Yorick e descobrir o porquê dele ser o único sobrevivente dos homens.
Com o passar do tempo e da viagem de Yorick, que é acompanhado pela agente 355 e a doutora Mann, vemos como cada grupo de mulher lidou com o caos que imergiu a Terra pós homens. Vemos de extremistas até mulheres que lidam muito bem com o fato, mantendo uma cidade inteira de pé. A HQ conta histórias de mulheres simples à mulheres que lutam por destaque na política, no congresso, no exército e em várias outras áreas que são dominadas por homens. Aqui vemos o impacto disso, nações que dão maior abertura para mulheres nessas áreas agora dominam, enquanto nações, digamos assim, machistas, como os Estados Unidos, agora passam fome.
A HQ de Brian K. Vaughan e Pia Guerra publicada pela Vertigo, é realmente muito envolvente, não só o roteiro que te prende a cada página mas também conta com uma arte muito realista e detalhista que passa uma sensação de que estamos dentro da história, os desenhos são simplesmente sensacionais.
Outro ponto que merece destaque são as referências, uma das melhores é a de “O Último Homem da Terra”, de Mary Shelley, autora também de Frankenstein. Referências é o que não falta, contando com Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson, Cézar, Star Trek e vários outros e até lamentações sobre a perda de todos os astros do rock, como U2, os Rolling Stones, Bob Dylan e bom, todos os outros.
O roteiro e a arte mesclaram muito bem com o humor, a seriedade, as referências ao mundo geek e com as metáforas que a história nos conta. Acho que está mais para um grito de urgência, um aviso emergencial que a Terra é dominada por homens e que mulheres devem cada dia mais lutar pelo seu espaço na política, nas grandes empresas, no exército, onde elas quiserem estar. É importante sabermos que podemos sim fazer qualquer coisa, que devemos assumir cargos cada vez mais alto, que não somos o sexo frágil, pelo contrário, somos fortes e devemos também ser independentes. A HQ grita bem na nossa cara como a falta de mulheres em posições majoritariamente dominadas por homens pode arruinar uma nação inteira e não podemos deixar isso acontecer.
Uma jovem estudante de Direito e apaixonada pelo Superman. Sou apaixonada também por quadrinhos e super-heróis porque vejo neles uma forma de mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho. Tento passar esse sentimento pelos meus textos, espero que gostem!